ACADEMIA MIDIÁTICA

15 maio 2009

OFICINA JORNALISMO INSTITUCIONAL


Por Sara Rodrigues Coutinho
Jornalismo, 6º período.


Hoje pela manhã teve início as oficinas do Intercom. A oficina sobre Jornalismo Institucional proporcionou uma conversa agradável entre profissionais e estudantes de comunicação. Ministrada pela Coordenadora de Comunicação do Estado Ângela Maria Ferry, a oficina promoveu a troca de conhecimento dessa área que é considerada um trunfo entre instituição, cidadão e sociedade.

O jornalismo institucional é voltado para o público interno de uma empresa, seja qual for sua natureza. É uma atividade tão laboriosa e dedicada quanto o jornalismo tradicional. Nela podemos perceber que o papel da comunicação é fundamental. O jornalismo institucional muito amplo envolve a elaboração de estratégias e o aconselhamento das lideranças quanto o relacionamento com a mídia.

Para Edilton Saldanha, 35 anos, estudante de jornalismo da Faculdade Cearense, o jornalismo institucional é um instrumento indispensável e imprescindível em uma empresa que pensa em dias melhores não só para a sociedade como também para o bom andamento da instituição. “Essa oficina foi muito proveitosa, pois me deu um direcionamento profissional para a realidade do jornalista dentro de uma empresa”, afirma o estudante.

Para a ministrante Ângela Ferry, a área privada possui um leque de oportunidades de trabalho muito amplo no jornalismo institucional. “Em Teresina existem boas oportunidades para quem se interessa por esse campo. Embora ainda exista a necessidade das empresas do setor privado compreender a importância do profissional de comunicação para repassar a veracidade e a credibilidade do seu produto para a sociedade”, finaliza.

22 maio 2007

CRÔNICA DA SEMANA - para Samária

PARA AMORA COM CARINHO

Por: Jacqueline Dourado

Ainda não tive tempo de vê-la. Também sua tia Ângela fez o favor de esquecer-se de me avisar. Agora que eu lembrei para ela que você tinha nascido vai ficar mais fácil. Quero em primeiro lugar desejar a você àquilo que desejamos aos amigos: paz. Seja da paz. Seja bem-vinda.

Ainda não nos conhecemos. Mas conheço muito bem sua mãe. Conheço muito. Passamos quatro ou cinco anos de nossas vidas trocando idéias, ideais, piadas, críticas, sorrisos, fotografias, lanches, Jurgen Habermas e muita felicidade travestida da velha e boa persuasão Aristotélica.

Um dia sua mãe vai sentar ao seu lado e te contar tudo isso muito diretinho. Vai contar que em plena universidade fundamos uma seita das Adoradoras do Sal só para combatemos as C. Doce que estavam proliferando pelo Campus. Vai dizer o quanto que era bom arriscar-se em ficar de pé dentro do ônibus da empresa Transcol para brincarmos de surfistas. Era uma competição maravilhosa saber qual das duas tentava se segurar primeiro. Tudo isso sob o olhar crítico de Ângela, é claro.

Vai ter uma tarde em que sua mãe olhando a cidade em que nasceu vai dizer que um dia saímos para procurar uma sereia que vivia encantada dentro de um poço. Essa lenda surgiu numa mesa de café da manhã e prontamente fomos fotografar. Na hora de subir no muro o meu tombo teve muito mais emoção. Como teve emoção, também, escalarmos a antena de televisão e a caixa d água do BEP de Piripiri. Tudo por uma boa imagem. Um sonho de vida. Você vai saber ainda que um lobisomem uivou uma madrugada inteirinha depois da Festa da Sucata. Nem queira saber quem estava na pele do animal.

É assim, minha querida Amora, que intercalamos essas histórias com aquela saborosa frase “lembra naquele tempo”... E é assim que o tempo passa nas curvas e nas retas da vida da gente. Um tempo de se correr perigo para rir depois e um tempo eu que rimos diante do perigo.

Um tempo de atirar de chumbinhos nas festas da padroeira e sentir o cheiro dos vidrinhos de penicilina sendo quebrados, de dormir às sete da manhã, de comer tilápia recheada de filosofia de mesa, de andar de bicicleta, de dançar a música do faraó, de sonhar com um bom trabalho que honre o que estudamos. De desvendar mistérios, de ser claramente uma pessoa com dúvidas.

Um tempo em que as pessoas vão ficando distantes dos nossos olhos até que às perdemos de vista, mas os corações continuam juntos. Batendo ritmados até o próximo encontro. As pessoas mudam, se mudam , retornam e tornam a mudar como numa dança de roda. Para crescer tem que ter certo desencontro e quando ele surge é porque todos os encontros todos se realizaram e cada um precisa buscar um rumo de acordo com o vento de seu barco. Assim é a vida e é assim que ela continua.

Enquanto não vou dar-lhe um beijo pessoalmente, eu gostaria de me despedir desejando a você bons amigos, já que não preciso desejar boa família porque essa você já tem. Nem desejar que você seja extremamente bem criada porque disso eu tenho certeza. Mas então volto aos amigos. Conquiste-os, encontre-os, ouça-os, ajude-os, critique-os. Seja sempre você assim como é sua mãe.

Não tenha medo de expor-se, mas tenha a discrição dos sábios. Acima de tudo lute com todas as suas forças por um lugar à sombra e ao sol. Lute para que seu coraçãozinho seja sempre mantido aquecido. Nunca esqueça a palavra VIDA.

E fica aqui um presente para você em forma de um beijo. Um beijo com sabor de Amora.

17 maio 2007

CRÔNICA

CRÔNICA - ANINHA E LEONARDO


Vou contar hoje a história de Aninha e Leonardo. Aninha foi resgatada num esgoto próximo ao mercado da Piçarra com mais dois irmãos. Leonardo sobreviveu quase um mês no forro da laje de uma casa sem comer quando foi abandonado pela mãe. Uma semana depois de encontrada, mais dois irmãos seus foram descobertos e doados para uma família.
Aninha depois de resgatada foi banhada com os dois irmãos e tiveram que ficar escondidos entre tijolos apara escapar das vassouradas de quem não era simpática a presença deles. Já o Leonardo esquelético, devorava leite, carne de frango e clara de ovo. Ainda jovem teve que passar pelo pânico de enfrentar a ira que o Bolinha tinha deste tipo de espécie. Com o tempo ficaram amigos, mas agora andam meio afastados por conta da presença do Bob o mais novo e quase amigo do Bolinha, porém atroz inimigo do Leonardo. Leonardo não esquenta muito porque acha o Bob meio sem personalidade. Ele atende por qualquer nome que o chamarem. Outro dia disseram “TED” ele atendeu rápido, “JONH”, ele correu, logo disseram que ele seria a reencarnação dos irmãos Kennedy.
Aninha tinha tanta fome que se tremia toda quando ia comer. Hoje já adulta pratica o mesmo expediente e consegue chamar a atenção de suas aias.
Já o Léo desenvolveu uma virilidade precoce e não poupava nem o travesseiro de sua guardiã. Era um taradinho. Mas hoje tem estado mais manso só come mesmo o sofá embora tenha desenvolvido um miado quase compreensível na língua portuguesa.
Aninha perdeu os dois irmãos de forma drástica. Uma coelha achou que os pequenos eram culpados pela morte de seus filhotes e passou a unha neles. Um foi partido quase ao meio. Costurado sobreviveu oito dias. No nono dia... pimba. Bateu as patas.
Leonardo passou a se envolver com brigas e a chegar de olho roxo e rabo murcho pela manhã, foi castrado para ver se pegava um peso e deixava as gatas em paz. Aninha também não tem mais ovários.
Aninha e Leonardo nunca se viram, namoraram ou coisa parecida, mas ambos são sobreviventes aos milhões de gatinhos abandonados em beira de esgoto ou jogados à própria sorte. Perfeitamente adaptados a nova forma de vida eles são gatos que adoram um carinho, mas só quando procuram.
Adoram os donos desde que providos de alimentos e não podem ver um carambolo dando sopa. Ficam num ritual com a patinha e quando o bichinho tenta se desvencilhar eles jogam o bicho para cima, mordem a cabeça deles, fazem cara de amargo e botam a patinha peluda em cima dos desgraçados. O bicho fica ali estressado e se fingindo de morto. Quando tenta de novo é arremessado novamente. Até que finalmente eles morrem e os gatos se afastam para comer algo melhor porque carambolo só serve mesmo, para eles, para certa e cruel diversão.
Assim vivem Léo e Aninha que entre o um prato e outro caem em sono profundo. Um no travesseiro da dona ou no sofá da sala a outra detrás do freezer ou em cima da caixa d`água. Eita vidinha mais ou menos.
Qualquer dia eu conto sobre a gata cega, o que mia fino e a de olhos de duas cores.



31 dezembro 2006

ENFORCADOS FOMOS NÓS.




Jacqueline Douradp

Uma das coisas mais me deixa perplexa é a violência e rezo todas as noites para nunca saber responder a esta. Ainda na faculdade apresentaram-me a Foucault através do livro Vigiar e Punir. Nesta obra o pensador descreve a história do poder de punir como história da prisão. A instituição desta muda o estilo penal, do suplício do corpo da época medieval para a utilização do tempo no arquipélago carcerário do capitalismo moderno.

Quando comecei a ler o livro fiquei horrorizada com a descrição do filósofo sobre os métodos de tortura e punição. Desde aí concordo que a melhor forma de punição é privar alguém da liberdade. Acredito que desde uma criança a um terrível bandido a melhor maneira de punir é tolher o indivíduo do livre-arbítrio.

2006 foi um ano que nos trouxe muitas reflexões aqui no Brasil. Mensalões, propinas, incêndios de ônibus e uma infinidade de discussão sobre como punir os famosos colarinhos brancos e como punir os bandidos de carteirinha. Para encerrar este ano atípico, nos apresentam a condenação e morte por enforcamento de Saddam.

Não gostava dele. Achava ele um assassino cruel e sanguinário e se de mim dependesse amargaria o resto da vida na prisão. Daí a satisfazer os desejos do Senhor da Guerra George W. Bush há um abismo muito grande.

Por que o tribunal que julgou Saddam não foi o Tribunal de Haia? Por que não foi o Tribunal Internacional de Justiça ou Corte Internacional de Justiça que é o principal órgão judiciário da Organização das Nações Unidas? Por que os Estados Unidos não reconhecem este tribunal? Essas indagações vêm à tona quando analisamos a velocidade da condenação e a rapidez na execução da sentença de uma forma medieval. Por que não condená-lo a prisão perpétua? Em Foucault, a instituição da prisão substitui o espetáculo punitivo da sociedade feudal através da ideologia do contrato social. Quando nos tornamos membro de uma determinada sociedade é preciso aceitar as normas e a prática de infrações determina aceitação da punição.

Quem além de Saddam infringiu as normas? Seu antigo aliado George Bush? Quem estava ao lado de Saddam e incentivou o ditador a invadir o Irã em 1980. De quem ele comprou os componentes para lançar armas químicas tanto contra o Irã como os curdos? Quem é o principal culpado de tudo isso? Em Haia talvez todas as respostas fossem dadas e a punção para tantos horrores iria lotar a prisão não só com Saddam, mas também Bush, Donald Rumsfeld, Blair entre outros.

A corda no pescoço de Saddam enforcou-nos a todos da liberdade de se pensar uma sociedade mais humana, justa e moderna. Trouxe-nos a sensação de Talião ou ainda pior de que não entramos ainda no século 21 e padeceremos nas trevas medievais.

14 novembro 2006

13 novembro 2006

DO QUE EU NÃO SEI SOBRE VOCÊ.

Não sei se é o olhar, ou o jeito como me vê.
Não sei se é a maciez do corpo ou o corpo que se descobre em minhas mãos.
Não sei se é a forma de pegar no cabelo. Ou o cabelo sem forma definida.
Não sei se é como dirige ou se é como se dirige a mim.
Não sei se é porque é dia ou porque é noite e é bom para ver as estrelas refletidas em seus olhos.
Não sei se é porque come bem devagar ou a pressa que tem em procurar o jornal de manhã.
Não sei se é o jeito rápido de dormir ou o suave acordar bem cedo.
Não sei se é por causa de sua memória fabulosa ou por esquecer de se embrulhar todas as noites.
Não sei se é o tagarelar até faltar o ar ou o ar que me falta quando não vejo.
Eu não sei de nada e de tanto não saber é que a busca com o passar do tempo fica tão interessante: amor.

05 novembro 2006

O GATO.

POR: JACQUELINE DOURADO

Barulho distante de carro. Vozes longes e crianças. Folhas de plátano rodopiam trazendo o frio. Poste. Telhados olhados a formar paredes junto com pinheiros. Paredes brancas. Passos na escada. Ninguém me bate à porta.

Fotos. A imagem brota saudade no olho e transborda. Lembranças de casa.

Um gatinho abandonado na rua. Sente frio e fome nesse inverno. Miado sofrido. Não vejo o gatinho, mas sinto frio também. E entendo exatamente o que seu miado pede. Eu também quero o que o gatinho quer.

Nessa noite eu vejo nuvens amareladas. Nuvens de chuva. Pobre gato em seu miado torturante, eu também quero chorar. Intempestivo tempo. Regente de todos os relógios. Rei absoluto dos encontros, desencontros e reencontros. Uma ampulheta cruel a atuar no corpo em sua contagem regressiva. Quando nascemos é ligado o relógio ao contrário. Tempo preciso. Nem um minuto a mais ou a menos.

O tempo do gatinho foi precisamente célere. Seu silêncio agora não é de conforto. É de morte. O tempo ajudou que ele não sofresse a chuva.

Agora uma enxurrada desce a rua abaixo. No canto da calçada forma um pequeno redemoinho. O asfalto brilha esperando o deslize dos carros e eles cometem, deixando os faróis formarem um ballet de luz. De longe tudo é bonito. A dor só se sente na carne.

Um homem encapotado distribui jornais trazendo notícias secas de ontem para o dia de amanhã. O tempo da notícia é diferente do tempo do pão da padaria da esquina. Incompreensível a temporalidade jornalística.

Foi-se o tempo da chuva e o vento seca suas marcas num precisão que só a natureza sabe o procedimento. Pela manha há o resgate da chuva passada. Um sol tímido e preguiçoso tenta cumprir seu ritual, mas por hora não consegue. O vento sim, este exerce sua força em plenitude. Quer ser mais que o sol e a chuva de ontem. Onde estará o gatinho? O miado agora é quase inaudível.

Um carro de som anuncia o gás. Música e promoção para animar o fogão. Acender o fogo da memória é bem mais interessante. Lembrar que o fogo queima, mas purifica. Só os covardes não se sentam ao redor da fogueira. Covardes? Distância deles então. Que a água não o limpe e que o fogo não os purifique jamais. Mas a água limpou o gatinho. Uma vala de esgoto deve abrigá-lo enquanto o caminhão do lixo não cumpre sua parte. O gatinho se foi. Agora é lixo.