ACADEMIA MIDIÁTICA

27 outubro 2006

TERESINA




É madrugada e Teresina dorme a não ser por um pega e outro aqui pertinho na Raul Lopes. Quem corre num carro assim não tem tempo de viver e sentir a brisa quase matinal que se instala. Morre de síndrome de jerico.

Agora a cidade dorme mesmo. A não ser por um cachorro ou um galo que, desavisado, tentar acordar humanos na vã tentativa do convite ao ritual do amanhecer.

Hoje eu também não durmo, mas passa longe as insônias malucas madrugada à dentro onde eu amaldiçoava o tempo infame que não passava. Descontava a ressaca dormindo até bem tarde nos finais de semana. Perdia a metade do dia, perdia Teresina em suas horas mais bonitas.

Faço planos para o dia que desliza sorrateiro no véu na noite. Contemplo a silhueta do corpo que envolve alguém que partilha segredos comigo, enquanto do lado, na janela as últimas estrelas se dependem da noite num brilho desesperado de adeus.

Da varanda acompanho o vôo da Tam, dos morcegos e dos pardais assim que sai o primeiro brilho do sol e a barra arrebenta no vermelho indescritível fazendo a silhueta dos prédios revelar em sua escuridão que ainda falta um tiquinho para o dia virar barulho. O amanhecer da minha cidade é lindo.